quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A SEDE ORIGINAL DA UNE NA RUA PRAIA DO FLAMENGO, 132

    Eu Jorge Miguel, ex-preso político que fui militante estudantil quando era estudante de Ciências Sociais na Universidade de Federal da Bahia e tive que fazer os enfrentamentos necessários a Ditadura e por isso fui torturado sadicamente pelos mercenários agentes do Governo Militar autoritário e tirânico; venho deixar registrado o meu protesto em público a respeito da construção da sede da UNE na rua Praia do Flamengo, nº 132 – Rio de Janeiro, capital. Após inúmeras tentativas de retomada do terreno enfim as várias gestões da Une conseguiu agora (ano 2011) finalmente as condições necessárias para construir a sede da UNE no seu local histórico (onde existiu o clube Germânia era freqüentado por muitos alemães, descendentes de nazistas e todos os que na década de 1940 apoiavam o regime nazista de Hitler). Esse prédio foi cedido a gestão da UNE, cujo presidente era Hélio de Almeida pelo governo de Getulio Vargas e passou a sediar as atividades políticas, administrativas e artísticas que a UNE realizava. Foi nesse prédio que surgiu o primeiro restaurante universitário do Brasil – com os preços baratos e que até as pessoas do povo costumavam fazer refeições, até ele ser deslocado para o centro do Rio de Janeiro e com o nome de Calabouço continuar favorecendo aos estudantes e ao povo pobre da cidade do Rio de Janeiro. A iniciativa de criação de restaurantes universitários foi pensado pelos diretores da UNE da década de 1940 e implementada de forma eficiente dentro da sede da Rua Praia do Flamengo, n° 132. Assim, todos os freqüentadores dos restaurantes das universidades públicas deveriam saber desse fato histórico – quanto mais os administradores das universidades que pensavam nos estudantes e no povo pobre – foi a UNE que idealizou e concretizou essa idéia de restaurantes universitários.
        Voltando cheio de seqüelas, dores e sofrimentos devido às torturas e os tratamentos dos agentes mercenários da Ditadura Civil-Militar fui morar no Rio de Janeiro e lá tomei conhecimento da história da UNE, quando trabalhei na sede da entidade que o governador Leonel De Moura Brizola ofereceu em regime de co-mandato (a antiga Faculdade de Direito Estado da Guanabara situada na Rua do Catete, 243, próxima ao Palácio do Catete).Foi como funcionário da administração dessa sede que passei novamente a me interessar pelos assuntos políticos- universitário diretamente ligados aos interesses da UNE e do Brasil. Fui coordenador da biblioteca da sede e assessorei muitos diretores da UNE em diferentes e inúmeras ações administrativas e políticas. Foi realizando um desses trabalhos de assessoria que tive contato com o tal terreno onde existiu a sede da UNE na Rua do Flamengo, 132. O então vice-presidente Sudeste II, Anselmo Jund me pediu para eu ir ao terreno da UNE lá na rua histórica e entregar uma convocatória aos microempresários que invadiram o terreno e criaram lá dentro um estacionamento cuja renda ia para pessoas mafiosas e inimigas da UNE. Fui lá e não me receberam, ainda desrespeitaram minha função e ação como representante legal da diretoria da UNE (essa história conto com mais detalhes em outros textos já postados no meu blog: brasilivre1800.blogspot.com . Assim tem início uma novela com muitos capítulos que venho acompanhando desde aquele dia que fui levar o convite para os mafiosos fluminenses que invadiram o terreno da UNE. Hoje posso traçar uma linha desse tempo até os dias atuais quando a UNE já tem a posse da documentação oficial de proprietária legal desse terreno da rua do Flamengo (essa entrega se deu na gestão do então presidente da UNE Fernando Gusmão e do presidente Brasil Itamar Franco no Bar Lamas na capital do Rio de Janeiro. Após essa entrega de documentos de posse desse espaço histórico das lutas dos estudantes brasileiros, essa “novela” prosseguiu tendo ainda alguns capítulos marcantes que devem ser registrados na história da UNE e do movimento estudantil. Passaram várias gestões da diretoria da UNE tentando colocar a turma do “Poderoso Chefão” empresário invasor do terreno da UNE o tal de Jorge Tadeu. Conseguiu-se ao final de muitas lutas que durou alguns anos para expulsar esses mafiosos do terreno da UNE. Vem então a busca pelo reconhecimento que o Estado brasileiro deve assumir pela dívida material e histórica que ele governo tem com a UNE (pois foi o Estado com sua Ditadura Civil – Militar que no dia 1º de abril de 1964 colocou fogo na sede começando assim uma série quase sistemática a todos que eram contrários ao regime militar implementado pelos seguidores e defensores do sistema capitalista). Essa reparação foi realizada oficialmente pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva através de um Projeto que foi aprovado pelo Congresso Nacional no Senado. Assim a UNE foi reperada no seu legítimo direito com a quantia de R$ 40.000.000,00 que deve ser utilizado imediatamente para concretizar o projeto de construção de um prédio de treze andares que foi realizado pelo nosso eterno companheiro Oscar Nyemeyer gratuitamente para a UNE. Soube entretanto, através de um diretor da gestão do Presidente da UNE Daniel Ilesco (soteropolitano como eu) que essa verba de reparação deverá ser aplicada em investimentos usando os princípios do sistema capitalista de geração de novos capitais financeiros em diferentes aplicações (será na bolsa de valores?). Se ocorrer esse desvio de aplicações dessa verba os responsáveis serão autores de sabotagens, traições e prejuízos a UNE, a história do Brasil e principalmente a todos os companheiros e companheiras que foram presos, torturados e mortos pelos inimigos do Brasil que tudo vem fazendo para que esse prédio da nova sede da UNE não seja construído na Rua Praia do Flamengo,132. Para os diretores da UNE e seus defensores que estão apoiando esta proposta de retardar a construção da sede da UNE ou mesmo desviar o dinheiro para aplicações financeiras várias, saibam todos eles que serão automática e historicamente os nossos inimigos eternos e traidores da UNE, dos estudantes e do Brasil. E tendo eles realizado essa sabotagem financeira e histórica sofrerão como todos os traidores as devidas e necessárias punições que certamente ocorrerão.

                                   Jorge Miguel - 04/01/2012 São Paulo, Capital

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